segunda-feira, 7 de março de 2011

Preso


E agora?... O que faria?... Tinha que fazer!...Não podia fazer!...Como Fazer?... Não faria!... Faria?... O que fazer?... Estava no inferno! Não sabia como havia chegado lá,... Não! Ele sabia sim!
O inferno tinha quatro metros quadrados, com uma estreita abertura gradeada por onde entravam e saiam. Ao lado uma parede, um vão que levava a ducha, em frente o boi, um buraco no chão onde eram feitas as necessidades, seu lar. Todo de cimento, frio, áspero, cinzento.
Ele estava saindo da boca quando eles chegaram, perderam o traficante, mas o encontraram. Ele tinha algumas com ele, foi o bastante, lá estava o traficante: ele.
Não importava o que dizia, fazia, era ele. O choro de sua mãe, não encontrará eco, encontrará ameaças. A sorte havia sido traçada, era ali que desfrutaria de seu futuro.
Em instantes os demais presos amontoados souberam: Traficante nada. É nóia! Rapazinho novo, belo ainda, logo na primeira noite sentiu-lhe penetrar toda a angustia e sofrimento que sentiria naquele lugar.
O lixo nóia, lixo para a policia, lixo para a justiça, lixo entre os condenados. Descobrirá ali que na escala do lixo, era o lixo-mor. Nunca furtará, nunca roubará, nunca estuprará, nunca matará. Como seus torturadores de cela haviam feito.
Fazia de tudo para ter droga. Apanhar era cotidiano. Dormia no boi, com o fedor e as baratas que saiam daquele buraco fétido. A comida, quando não lhe tomavam, era azeda. Em pouco tempo estava irreconhecível.
Ainda assim seu maior sofrimento era ver a face de sua mãe marcada pela dor de ver seu filho destruído. Rasgava-lhe o coração até o mais intimo de seu ser ver cada marca na face daquela que amava e nunca o abandonará. Sufocava-lhe o peito saber as humilhações pelas quais passava para ter aqueles momentos com ele.
Ele devia! Tinha que pagar, já não tinha como fazê-lo. O traficante propõe: Mate! Perdôo a divida! Te dou uma noite de nóia! Senão quem morre é você!!! O que faria?
Pela manhã encontram o corpo. Estava morto! Jamais teria coragem de matar a outrem. Sua pobre mãe, com as faces inundadas pelas lágrimas, via o descaso com que o corpo do filho era tratado. Como se mil facas lhe cortassem a alma, ela sofre como nunca sofreu na vida.

18 comentários:

  1. Nossa! essas histórias são fortes, tristes, mas, necessárias. Quem sabe, um dia nossos jovens fiquem livre dessa praga.

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  2. Olá Professor passei aqui para deixar meu agradecimento pelos comentários em nosso Blog e me deparei com os "contos do crack", que sem dúvida é uma bela iniciativa. Conte conosco sempre na luta contra as drogas. Wagner Eustáquio. http://colunawagnereustaquio.blogspot.com

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  3. Maravilha... Gostei muito. Simplemente show. Abraços.

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  4. Parabéns parceiro.
    Cada vez me encanto mais com seus contos, é muito real... a pele arrepia e parece que consigo sentir a dor dessa mãe.
    Simplesmente perfeito!
    Um abração.

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  5. Eu tenho filho de 11 anos, que vive com a mãe, e temo muito pelo futuro dele sim, com essa droga proliferando e os lares sem valores distintos.

    Quero que meu filho leia esse e outros contos logo pra ficar bem informado. Não tenho problemas com ele até hoje, mas é bom prevenir, ele que vive em cidade grande.

    Obrigado por compartilhar! Pode ficar certo que será de grande utilidade para todos os pais e os adolescentes.

    Abraços e continue nessa campanha!! Paz Profunda!

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  6. ola meu rico e fofossimmo Knoor
    acho q pra qualquer mãe ver o filho em tal situação é destruidor, bem ja nos acabamos quando eles tem uma simples dor de barriga imagina a dor ao ver um filho em tal estado.
    Bem acho q hj em dia este é o maior medo de nos pais embora muitos por medo ou por achar q tocando no assunto iram incentivar a curiosidade evitam falar sobre o assunto, bem oso muito aberta com minha filha sempre fui, como tu sabes sou fumante e ela sempre pega no meu pé pelo bendito cigarro ela sempre acaba comigo me olha com os olhos arregalos e diz : é dona ruivano faça o q eu digo mas num faça o q eu faço !! foda!!!!
    mas voltando ao texto sabes guri tive amigos maravilhosos incapazes de cometer de praticar o mau naum batiam nem em cachorros o grande defeito o grande mau foram se perder neste mundinhu, e depois de um tempo se perderam deste mundo, lembro´me revoltada na despedida de um de meus amigos onde todos familiares falavam a mãe como forma de consolo q a morte havia sido o melhor remedio q ele agora estaria bem q ela teria paz... num preciso falar o tamanho de minha revolta né, se eu q era muito amiga dele num aceitava isso imagina a mãe
    acho q esta mais do q na hora de mudar as coisas e naum deixar nossos jovens amigos entes queridos serem perdedores deste grande mau
    como citei em um desabafo alguns dias depois da morte de meu saudoso e grande amigo

    "Droga" quem disse que já era sua hora
    Quem julgou seu tempo
    Falam que errar é permitido
    E sempre ha uma change quando se sabe que esta errado
    Quem roubo sua change..."

    bjim meu rico knoor

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  7. Puxa, ler algo assim é bem complicado, é como sentir o que eles passam, até mesmo por um outro ângulo.

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  8. Oi meu irmão Ademar,grande amigo, lindo este conto, mais tão triste que comoveu meu coração, porque pude ao ler me colocar no lugar desta mãe. é como se uma espada transpassasse meu coração.Graças a Deus Pel misericórdia de Deus meus filhos nunca me deram trabalho. no entanto fico penalizada e sinto as dores destas mães que sofrem ao ver seus filhos definhando nos maus caminhos. Amigo parabéns pelo texto e por seu trabalho tenho certeza que através do seu trabalho muitos encontrarão o caminho de volta.Bjo no coração amigo querido. Deus abençoe sua vida.

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  9. Oi amigo é muito forte essa historia que mostra a vida arruinada de um filho e a dor e sofrimento de uma mae, fico pensando: A qual das dores é maior para essa mâe, ver o seu filho escravo dos vícios ou vê-lo morto? Filho que não é alguém que aparece em nossas vidas eles fazem parte dela.

    Uma bela tarde!!

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  10. Olá Ademar querido!
    Bem, como sempre conversamos, os finais, para quem insiste continuar nesse mundo das drogas, só podem ser 2: morte ou reabilitação... Para aqueles que não buscam ajuda e preferem a morte (lenta e mais sofrida), o difícil é saber que junto com eles levam familiares e as mães...Ahhh...penso demais nas mães, pois como mãe digo que nenhuma pensa num futuro desses para os filhos! E aí, acho que por maior que seja o amor, diante de tanto sofrimento, muitas realmente prefiram que seus filhos morram a terem que vê-los enfrentar essa rotina tão degradante.
    Triste, né Ademar? Mas tão real e comum nas ruas perdidas das grandes cidades...
    Grande beijo,
    Jackie

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  11. Difícil me comover assim, mas foi o que aconteceu ao ler o conto. Não pude evitar um arrepio gélido passando pela espinha.

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  12. Ademar, confesso que me senti nos 4 metros quadrados durante toda a leitura. Aliás, lia o texto com sofreguidão, com angústia, querendo era terminar logo para me ver livre dos 4 metros, ou menos que isso, talvez.

    Forte Abraços

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  13. Ave maria, que situação tristíssima, arrepiante, dolorosa, extrema. Longe disso, por favor.
    Seu texto é incrível.
    Quero que conheça os meus, também sou escritora.
    http://imperiodosdeuses.blogspot.com/
    Mas meu tema é a mitologia grega.
    um beijão,
    Sarah Micucci
    http://t.co/vklbyKr

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  14. Obrigada amigo!
    Você é que é muito especial e é por isso que gostamos de você.

    Um abraço.

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  15. Amigo Adilson,
    Você pegou um tema controverso e deu um lado humano, uma realidade de muitas pessoas, vão ler, pensar e quem sabe, alguém vai lembrar seus textos e não cometer o primeiro pecado...
    Um abraço de Portugal e parabéns pelo trabalho excelente

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  16. BOM juizo na cabeça dos jovens!!!

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  17. Ninguém pôs arma na cabeça de ninguém obrigando a usar. Que vá morrer longe de mim.

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