Um casal e seus três filhos moravam naquela casa. Um portão de madeira, uma rampa que levava a um cômodo grande com um banheiro no canto. O marido, antigo motorista de ônibus perdeu o trabalho por ter se viciado, a esposa, com raiva, experimentou, gostou, viciou.
Sem dinheiro, passaram a vender o nada que tinham em casa, e quanto não restava mais o que fazer, passaram a receber visitas, outros viciados que não tinham onde fumar pagavam pedágio para lá ficar, mantinham vários cachimbos para as visitas.
E assim passou há haver um fluxo constante de viciados que iam, fumavam, saiam atrás de mais, voltavam, fumavam, e iam atrás de mais... Vinte quatro horas por dia. Os filhos lá, respirando o ar pútrido, abafado daquele cômodo fechado, a nóia não permitia abrir a porta, única fonte de ventilação que havia.
Os que chegavam com dinheiro, aqueles que garantiam a noite, eram tratados como reis, conforme a grana diminuía e a droga se acabava o tratamento ia se diferenciando, sendo cada vez pior, e quando acabava, era convidado a se retirar, pois iam ‘dormir’.
Mentira! Agora eles fumariam a droga que haviam roubado do convidado enquanto este estava bem louco e não notava, ou mesmo se notava, não estava em condições de reagir.
A bocada ficava na esquina, os traficantes sabiam o que se passava lá, e resolveram uma noite fazer uma visita. A casa estava suja, comida podre nas panelas, as crianças mais velhas ‘amontoadas’ em um canto. O menino mais novo, de uns três anos, amoado em um canto, com os olhos arregalados, quieto e calado, ele não falava.
Os traficantes ficaram revoltados com a situação das crianças, especialmente o mais novo, e decretaram que era proibido fumar naquele lugar, caso eles pegassem alguém fumando dentro da casa...
A criança que nada entendia começou a ficar estranha, nervosa, agitada. Começou a falar, sua primeira palavra: pedra. Ele estava viciado e em abstinência, os viciados que agora fumavam na área da casa notaram que ele começou a vir para fora, ficar com eles, e não importava o quanto à mãe tentava colocá-lo para dentro, ele voltava e os pais loucos, drogados, desistiam de mantê-lo lá dentro.
Em nova visita dos traficantes, o marido e a esposa tremiam de medo, pois os traficantes viram o garoto indo de nóia em nóia. Acompanhando o cachimbo. Acompanhando a fumaça. Na nóia por tabela. Eles simplesmente viraram as costas e foram embora.
Durante aquela semana o pai morreu, a mãe foi surrada, e as crianças levadas. A casa da nóia estava fechada. Mas a mãe se curou, fugiu do hospital sem ter alta, correu para o seu ‘lar’, reabriu a casa assim que colocou os pés lá, não soube o destino do corpo do esposo, não soube onde suas crianças estavam, nem pensou em procurar saber nada disso. Mas a primeira coisa que procurou ela encontrou, o cachimbo, afinal, as visitas estavam esperando.
Muito bom .
ResponderExcluirGostei como posso deixar o meu !!!
ResponderExcluirDesculpe a demora para responder, Anônimo, se quiser enviar um texto é só dizer, damos uma olhada, se enquadrando, colocamos no ar.
ResponderExcluirOla,
ResponderExcluirtriste a história, pena que ainda aconteçam cenas assim na nossa sociedade, e nada se faz.
bjus
Sim, infelizmente é muito, e este mal apenas tem aumentado. Cabe anós procurar proteger não somente os nossos, mas todos que pudermos deste terrivel mal. Muito obrigado pelo comentária menina, espero que conheça os demais contos.
ResponderExcluirDizaê,Maggi... Parabéns por este espaço que,com certeza, será de muita utilidade pública,porque a decadência física, moral e mental dos viciados neçça "bomba terrível" que é o crack, sendo abertamente exposta em seus textos, pode apostar que irá contribuir e muito, para evitar que futuros doydinhos sem noção se tornem doydões sem direção e estraguem a própria vida e a dos que estão em volta.
ResponderExcluirJá lí uma série de reportagens contando a dor e a verdadeira desgraça de quem caiu e foi sugado por eççe novo "ralo social" e sobreviveu,o que é coisa muito rara... a grande maioria deles, morre logo e, o que é pior:matam qualquer um,apenas por mais uma porcaria de pedra,como foi o caso de um alucinado que matou a própria mãe porque ela se negou a dar mais dinheiro para outra noite de nóia. Muito triste.E,o mesmo sujeito,completamente "torto", foi morto pela PM, horas depois. Drogas sempre existiram,tragédias devido à elas também; mas eççe tal de crack, é foda!
Oi R149, é para isso que estamos aqui, fico muito contente com sua visita, comentário e dica para uma nova história. A unica força capaz de vencer o crack é o amor, ele aliado a perseverança operam o milagre que é resgatar uma pessoa desde mundo,
ResponderExcluirGrande Abraço.
ola.vc.q.nunca usou nem um tipo pr.bens.e um mundo? sem volta.
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